As mulheres adoram Nós adoramos comprar roupa, mais a mais se for uma pechincha. Encher os armários de casa com trapinhos de meia-dúzia de euros. Gasta-se pouco e anda-se mais feliz e melhor enfarpelado. Acontece que se gastamos pouco e se o dono da loja não anda de 4L, o custo tem de vir de algum lado. Notícias vindas hoje a lume confrontam-nos com esta realidade. Ao que parece num fornecedor do grupo inditex (Zara, Pull & Bear, etc.) foi descoberto trabalho
semi-escravo. A inditex já se veio retratar e que vai a correr colaborar com as autoridades brasileiras e que vai ter mais cuidado a escolher os parceiros e o diabo a sete. Acontece que este filme já foi visto, nomeadamente noutras multinacionais do vestuário e calçado (por sinal não tão baratas), e continuará a ser visto enquanto a pressão da procura por parte dos consumidores ocidentais se for repercutindo ao longo da cadeia de abastecimento até chegar à mão-de-obra terceiro-mundista. Por muita indignação que, posteriormente, notícias destas a verdade é que é assim que funciona a engrenagem do mundo tal o conhecemos. Como dizia o Adam Smith, não há almoços grátis, mas há muita, muita hipocrisia. A próxima vez que encontrar roupinha baratucha lembre-se das condições em que foi produzida. A próxima vez que entrar numa "loja dos chineses", tente imaginar as condições em que os artigos baratuchos lá encontrados foram produzidos. A próxima vez que se queixar do comércio que fecha aos domingos e feriados, ao contrário dos "chineses", lembre-se que o próximo a ficar sem descanso pode ser você. A próxima vez que ouvir um Presidente da República ou um ministro da economia falar em conter os custos do factor trabalho lembre-se que Portugal tem um perfil de exportações que assenta na parte mais baixa da cadeia de valor e pense que o que na realidade o que estão a dizer é que você devia ganhar o mesmo que estão a ganhar o chinês ou boliviano equivalente.
Cordialmente,
JA de VCG e S
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